Oração Contemplativa
Em Ti, Videira eterna, dissolvo-me no fluxo do Ser, onde ramos e frutos são um só mistério de vida e luz. Amém.
Reflexão sobre a oração
Esta oração é um mergulho no mistério da união absoluta, onde o Eu individual se dissolve na totalidade do Ser divino. Ao reconhecer-se como ramo e fruto da Videira eterna, o orante transcende a separação e participa da pulsação cósmica da vida. O convite não é apenas para existir, mas para ser em comunhão plena, onde dualidades se desfazem e a essência única se manifesta em múltiplas formas. Assim, contemplar é ser levado a experimentar a unidade profunda que sustenta tudo, onde a luz é viva e o amor, imutável.
Oração de Cura
Cura-me, Senhor da Videira, corta em mim o que estanca a seiva do Teu amor, e faz-me frutificar em Ti. Amém.
Reflexão sobre a oração
Esta oração concentra, em uma só linha, a entrega do coração à ação purificadora de Cristo. A imagem da videira revela que a verdadeira cura acontece quando nos deixamos integrar no fluxo vital do Amor. Não pedimos apenas alívio, mas transformação: que aquilo que bloqueia a seiva divina em nós — orgulho, medo, separação — seja cortado. A poda é a medicina do Espírito, e frutificar é sinal de que estamos vivos n’Ele. Curar, aqui, é permitir que a seiva da graça corra livre em nós. Amém sela a confiança: já fomos ouvidos.
Oração Meditativa
Sou ramo em Ti, ó Videira escondida,
na seiva do Amor pulsa a minha vida.
Sem Ti, meu ser é sombra e secura,
mas em Teu Corpo floresce a doçura.
Poda-me, Senhor, e renasça em mim
o fruto eterno que não tem fim.
Reflexão sobre a oração
Esta oração é um ato de adesão existencial ao Cristo-Videira, reconhecendo que a vida plena não nasce da autonomia isolada, mas da permanência na Fonte. Cada verso revela a verdade da dependência criadora: não somos diminuídos por sermos ramos, mas engrandecidos pela união. A poda — imagem da dor transformadora — não é castigo, mas gesto de Amor que prepara o florescer. Orar assim é aceitar ser parte de algo maior, onde a liberdade não se opõe à comunhão, mas nela se cumpre. A seiva do Espírito circula nos que permanecem e frutificam, silenciosamente fecundos.
Oração a Santa Catarina de Gênova
Ó chama viva em vaso de silêncio,
Catarina, flor que a dor desabrochou,
guia-me ao fogo que purifica o tempo
e desfaz o que em mim ainda não amou.
Sê tu a ponte entre o meu pó e a luz:
leva-me ao centro onde o Amor conduz.
Reflexão sobre a oração
Nestes seis versos, ressoa o clamor da alma que anseia ser purificada não pelo medo, mas pelo desejo de total comunhão. Santa Catarina é evocada como chama viva, não para consumir, mas para libertar. A oração aponta para uma jornada em que o sofrimento não é rejeitado, mas transmutado em instrumento de união. É um apelo à coragem de morrer para o ego e viver para o Amor que não exige posse, mas entrega. A verdadeira liberdade nasce quando cessam os interesses próprios e se aceita o chamado da luz interior que tudo ordena em paz. Assim, orar é ser tocado por Deus desde dentro.
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